amorcomhumorsepaga

Armazém de textos em que alguns até poderão ter piada

sábado, março 31, 2007

Antropoprosápia

O Antropófago, num esgar de desejo reprimido durante séculos, comeu o Antropólogo. O Antropóide, que aquilo assistiu, mordeu a beiça e beijou o Antropocéfalo. Tornou-se então um Antropófilo, ele que já era Antropoforme. Então, num repente de Antropocentrismo, ralhou com o Antropófago, que aquilo era coisa de Antropófobo. O Antropófago, arrependido, prometeu dedicar-se à Antropodiceia e nunca mais pensar em Antropogénese...

domingo, junho 12, 2005

O Cómico na transmissão da História





O Ofício do docente da História
As aporias do ofício



Ser docente de História, hoje, é uma actividade extremamente arriscada. Vários são os riscos que correm os s’tôres deste saber. Vou tentar, neste pequeno trabalho, enumerar alguns deles, sabendo antecipadamente que apenas poderei mostrar uma peque na ponta de um imenso iceberg. Deliberadamente, vou deixar de fora todas as questões que são também inerentes a uma classe mais vasta, que são todos os professores, em especial os professores portugueses, coitados…

Antes de passar a enumerar os riscos do docente da História, gostaria de fazer uma declaração de princípios: de nada vale transmitir os conhecimentos do passado se, ao mesmo tempo não se transmitirem valores necessários ao presente. O professor de História deve ser, antes de tudo, um humanista, porque ao transmitir a História, está também a fazer História. Está a transmitir uma experiência pessoal, que irá enformar a experiência de outros, quiçá, futuros historiadores, coitadinhos…

Posto isto, passemos então aos riscos do docente da História:

1º - O risco da Frustração Profissional

Imaginemos um recém-licenciado em História. Acabou há pouco de de ler o Mediterrâneo no tempo de Filipe II, do Fernand Braudel e tem tudo fresco no seu espírito – Tempo Curto, Tempo Médio, Tempo Longo…. Ele, que vive no Cacém, foi colocado numa escola em Lisboa (isto é, claro, pura imaginação delirante), onde vai dar o 7º, 8º e 9º anos. Antes de iniciar as aulas teve uma reunião de grupo (agora são os departamentos). A delegada informou-o já de tudo aquilo que ele precisava de saber (que ele tinha já aprendido nas pedagógicas) – como fazer uma planificação, como utilizar uma grelha de resultados, quais as melhores taxionomias, como avaliar (30% para a participação, 30% para os valores, 40% para os conhecimentos), etc.

O jovem professor vai agora dar a sua primeira aula ao 7º Ano. Tema – o que é a História. Inventou exemplos, estruturou tudo; minuto a minuto, segundo a segundo, ele sabe o que vai dizer, o que vai fazer, o que quer que lhe digam!

- Tu, como te chamas?
- Bruno!
- Então Bruno, para ti, o que é a História?
- Sei lá!
- Então, não tens ao menos uma ideia?
- Bem, a julgar pela sua cara, deve ser uma coisa muito chata!

E assim se inicia, o jovem professor, na marcação de faltas de castigo e começa o seu caminho para a frustração profissional.

Volvidos 5 anos, vamos encontrar o mesmo professor, numa outra primeira aula do 7º Ano, com o mesmo tema:

- Tu, como te chamas?
- Tiago!
- Então Tiago, ficas já a saber que a História é… e se mandas alguma “boca” vais já para a rua! E isto serve para todos, ouviram bem?

2º - O risco da Frustração Profissional

Imaginemos agora, um outro professor, extremamente empenhado na valorização dos seus alunos. Sempre que possível punha o programa de lado e suscitava discussões, mais ou menos organizadas. Um certo dia, numa turma do 9º Ano, aproveitou o ter que falar na emancipação feminina, no posd 2ª Guerra Mundial e generalizou a discussão para a actualidade. Passado algum tempo, notou numa das suas alunas um ar angustiado. Perguntou-lhe o que se passava:
- O meu pai saiu de casa, porque a minha mãe declarou que agora também ele tinha que lavar a loiça.

3º - O risco da Frustração Profissional

E o que dizer daquele professor, que estando a fazer uma oral do 11º ano (no tempo do antigo Curso Complementar Nocturno), reparando no ar desesperado do aluno, tentou aligeirar o momento:

- Bem Pedro, para começar, vai-me dizer a morada e o número de telefone de todos os portugueses que morreram na Batalha de Alcácer-Quibir!
- Mas, mas… ó s’tôr, eu acho que nós não demos isso e, pelo menos, não vem no livro!


4º - O risco da Frustração Profissional

Esta cena passa-se agora numa escola extremamente bem equipada, com um Conselho Directivo (isto já foi há uns anos, agora seria Conselho Executivo) dinâmico, inovador, disposto a transformar a escola numa rampa de lançamento para o futuro (hoje seria aquilo que o Ministério chama de “Escola de Excelência”). A escola tinha um clube de rádio, um clube de informática, um clube de espeleologia, u clube de malacologia e um clube de arquitectura inteligente. Este professor de História é um vinculado. Está pela primeira vez nesta escola e vai dar, também pela primeira vez, aulas a uma turma da reforma (recordo que a história se passa há uns anos, na altura da reforma do Roberto Carneiro). Como foi colocado mais tarde, foi informar-se do tema da Área-Escola, pensando aliás que aquilo da interdisciplinaridade era uma boa ideia. Disseram-lhe que naquele ano o tema seria, precisamente, a informática, na perspectiva da interdisciplinaridade.
- Mas eu não sei nada de computadores! Qual vai ser a minha participação?
- Ó pá, nãp sei, mas vais ter que arranjar qualquer coisa que se adapte. És de História, desenrasca-te…


5º - O risco da Frustração profissional

Estamos agora na casa de um professor de História. Sentado a uma secretária o professor corrige uma “turma de pontos”, perdão, corrige uma “turma de testes sumativos”. Como é do conhecimento geral, estes testes corrigem-se pergunta a pergunta, perdão, questão a questão, pois só assim não haverá riscos de subjectividade na correcção.

O professor vai agora iniciar a 3ª questão do I Grupo, que era a seguinte: “Refira a problemática do final do reinado de D. Fernando e a sua ligação com a crise de 1383/85”. Resposta do primeiro aluno:
- “Bem, então foi assim, D. Fernando era casado com uma meretriz. E teve uma filha que era casada com o Conde Andeiro, rei de Espanha e que não se dava bem com o sogro. E este, às portas da morte disse que não o queria para rei de Portugal. E então apareceu D. João de Aviz, que tinha muitos filhos e que precisava de dinheiro para os manter, e que também queria ser rei. E este foi para Coimbra estudar para ser rei com um tal professor João das Regras.



Pelo acima exposto, temos já uma percepção da variedade de riscos que corre o docente da História. A lista é realmente interminável e por um certo decoro e brio profissionais (ainda existem, mas estão em perigo de extinção), prefiro ficar por aqui. Ademais, de aporias, angustias e dificuldades, também eu já tenho a minha conta.




Formas e Normas na Transmissão da História



Uma das formas de se evitarem alguns dos riscos que atrás foram enunciados, é através do um bom discurso do docente da História. E essa questão, mais do que a qualidade dos conhecimentos veiculados, devia preocupar o docente. Contudo este é humano. Todos os professores têm uma maior ou menor dificuldade de comunicação, e quase todos usam “truques” para as ultrapassar.

Professores há, que utilizam um linguagem extremamente simples, simplificando a História ao máximo, tornando-a num sistema de automatismos, transformando-a em definições – correm o risco daquele aluno que aprendia a ler: - Um pê e um á pa, um tê e um ó to – ma-rre-co!

Outros instalan-se numa torre de marfim e convencem os seus alunos que só alguns, os predestinados, poderão alguma vez almejar a perceber o alcance dos Ciclos de Kondratieff na História Económica do século XIX e a sua inscrição num complexo histórico-geográfico.

Uns e outros afastam-se do humano. A única forma de transmitir a História de uma maneira equilibrada, é não segui uma norma rígida. Ou seja, utilizar um discurso adaptável aos alunos, às suas condições intelectuais e sociais. É necesário conhecer o aluno e dar-se a conhecer ao aluno. O cómico é uma das soluções à disposição do docente. Talvez seja mesmo a solução mais inteligente, porque nunca se afastará do humano e implica sempre uma profunda, muitas vezes indulgente, empatia humana. Através do riso, os alunos descobrem na História um prazer, mesmo antes de a descobrirem como necessidade do próprio espírito.

Várias são as formas do professor utilizar o cómico na transmissão da História – a ironia, o humor, a caricatura… o que é necessário é que o aluno sinta a História como algo que lhe está próximo, que ele pode usar com prazer e que enforma a sua inteligência. Como diz BERGSON, “(…) numa sociedade de inteligências puras, talvez nunca mais se chore, mas cada vez havemos mais de rir (…)”[1].

Da comicidade da História podemos encontrar muitos exemplos. Vou citar dois, distantes no tempo, mas próximos nas intenções. Primeiro, Pinheiro CHAGAS, em 1880 “(…) Pois Sebastião José de Carvalho e Melo tratou Portugal exactamente como vocês tratariam a tal quintarola. Olhou para tudo e disse consigo: “Eh! Com os diabos, como isto está! No Paço há um bando de pardais que dá cabo da melhor fruta dos pomares da nação. Toca a enxotar os pardais”! E como os pardais refilaram, saltou ao tiro neles. As searas da inteligência, que também são trigo, porque dão o pão do espírito, não podiam medrar, porque as afogava por toda a parte o joio do jesuitismo. Toca a sachar os jesuítas (…)[2].

Outro exemplo, mais recente, pertence a Carlo CIPOLLA, ilustre historiador da Economia. Diz ele acerca da Europa do século XIII: “(…) A Europa Ocidental, de lugar tétrico e triste que era, transformou-se de repente numa terra transbordante de vitalidade, de energia e de optimismo. O aumento do consumo de pimenta, incrementou a exuberância dos homens que, com tantas lindas mulheres ao redor fechadas nos seus cintos de castidade, sentiram um grande e repentino interesse pela serralharia; muitos transformaram-se em serralheiros (…) e a metalurgia europeia entrou definitivamente em fase de arranque e de self-sustained growth (…)”[3].

A História é complexa e extremamente necessária à construção da nossa contemporaneidade. Mas essa contemporaneidade deve rimar com felicidade e só é feliz quem ri e quem sabe fazer rir. Cito mais uma vez BERGSON “(…) muitos definiram o Homem como “um animal que sabe rir”. Deviam também tê-lo definido como “o animal que sabe fazer rir” (…)”[4].

Nota: trabalho realizado para a Cadeira de Sistemas Valorativos e suas aplicações, do Curso de Mestrado em Cultura Arquitectónica, da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, em 1995. (com algumas adaptações)

[1] in Henri BERGSON, 1956, Le rire, Vendôme, PUF, p.3
[2] in M. Pinheiro CHAGAS, s.d., História Alegre de Portugal, Lisboa, Livraria Progresso Editora, p.120
[3] in Carlo M. CIPOLLA, 1993, Allegro ma non troppo, Oeiras, Celta Editora, p. 26
[4] in BERGSON, OP.CIT., P.3

quarta-feira, maio 25, 2005

Contra-fotografia

Esperei três horas no alto daquela colina. Tinha tudo pronto - Uma máquina analógica, com rolo, e uma digital com um cartão de 128 megas. Estava sentado confortavelmente, à sombra daquela árvore, acompanhado de umas sandochas e de umas bejecas. Ainda dormitei um pouco, tão agradável estava o momento.
Finalmente veio o Pôr do Sol. Deslumbrante! Que cores fantásticas, o céu estava rubro, parecia fogo! Acho que nunca tinha visto um PDS tão vivo, tão fantástico!
Calmamente recolhi as máquinas e guardei-as no saco. Voltei costas ao PDS e a trincar uma última sandes de presunto de Chaves, desci a colina! Hoje não me apetecia fotografar...

O meu pai deu-me a escolher entre uma máquina fotográfica digital e um quilo de farinheiras, no Natal!
Adoro farinheiras cozidas frias...

Perguntaram-me o que seria melhor, uma Canon ou uma Nikon.
Rapei de uma naifa e comecei a fazer palitos...

Tinha bocados de farinheira nos dentes...

Pediram-me para fazer uma conferência acerca da regra dos terços.

Respondi: Sou ateu!

Uma modelo profissional convidou-me para fazer uma sessão fotográfica na Praia das Maçãs.

Disse-lhe que o rolo da massa da minha mulher era maior que a minha objectiva...

Ganhei um concurso de auto-retratos!

Coloquei uma fotografia, tipo passe, no lugar do selo do seguro do carro!


Ouvi dizer que no século XX havia fotografias em papel! Já ouviram coisa mais estapafúrdia?

Afonso Henriques, antes de conquistar Santarém, queria à viva força que o fotografasse!
Disse-lhe para ter juízo!

Ainda não tinha cartão de cliente da Fotosport!

Henrique Cunha da Costa Neves era um amante da fotografia!

O Daguerre apanhou-os na cama e deu-lhes uma surra das antigas!

Se quando fotografa, ficar de costas para o sol - não se esqueça:

Use sempre protector solar!

Um amigo meu adora fotografar políticos!

No dia de anos, ofereci-lhe uma coleira anti-pulgas...

O Paulo Portas detesta fotografia!

O Chefe de Estado Maior da Armada, ainda não percebeu porque é que ele quer mandar um contra-torpedeiro para Tomar...

Até já lhe disse - Oh sô menistro, olhe que um navio desses não cabe no Nabão!

Ele há coisas estranhas no mundo...

Na Transilvânia, os fotógrafos detestam nocturnos...

Até dizem: Quem tem pescoço tem medo!

Disse à minha mulher que cada vez mais estava a curtir a analógica!

Há por aqui no site um advogado bom em divórcios?

Tenho impressas no rosto as provas de violência conjugal!

Jean-Pierre Roquelion tinha tudo para ser um excelente e famoso fotógrafo francês. Talvez o mais famoso de todos os fotógrafos franceses, mais do que o próprio Henri Cartier-Bresson!

Infelizmente, foi mandado executar por Filipe O Belo, por ser Cavaleiro Templário...

Dois sábios japoneses, do Sushi Institute of Anthropology, decifraram um dos maiores enigmas da História pré-colombiana!

Conseguiram ler a famosa inscrição Maia encontrada na cidade perdida de Achmahal, por cima da não menos famosa gravura de um casal a praticar o coito enquanto um sacerdote os imolava ao deus Maia do amor

Diz a inscrição o seguinte (isto para os mais distraídos, que ainda não a conheçam):
"Ach adgmi ta li tu néch"(Latinizámos a transcrição para ser de mais fácil leitura)

Os dois sábios japoneses, hoje em conferência de imprensa, revelaram finalmente o que quer dizer a frase:

"Ach adgmi ta li tu néch" - "O horizonte está torto, para dar maior dramaticidade à cena
"!!!

Se fotografar, não beba!

Está provado, cientificamente, que o alcoól no sangue, retira definição à fotografia!

O Adágio popular - "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita", foi inventado antes do Photoshop...

Os últimos desenvolvimentos da ciência histórica, demonstram que Jona d'Arc foi queimada viva pelos ingleses, porque fazia fotografia conceptual...

Passei cinco horas atrás daquela borboleta! Finalmente acho que a cansei! Ficou ali parada, asas abertas ao sol... uma macro perfeita... saquei da máquina... modo macro... sustive a respiração...

Acordei 24 horas depois, no hospital... ainda hoje, uma semana depois, estou a soro a ver se trato da desidratação...

Ele era tão bom fotógrafo, tão bom fotógrafo, tão bom fotógrafo... que um dia fotografou a Lili Caneças e ela nunca mais fez uma operação plástica...

Eu continuo a achar, que mais vale um contrapicado na mão que duas perspectivas aéreas...

Estória da mala de mão que um dia pensou ser de porão

Era uma vez uma mala de mão. Uma simples mala de mão, mas que um dia pensou ser de porão. Ora, hoje já há poucas malas de porão e por isso a pequena mala de mão achava-se um fenómeno digno dos maiores encómios. Um dia a mala de mão, no auge da sua paranóia, recusou-se a ir dentro do carro. E por isso foi no tejadilho...
Pobre mala de mão, ainda ali esteve algum tempo, até que, numa descida, à entrada de um túnel - catrapuz! lá veio ela para o chão...
Moral da estória - nunca uma mala de mão se deve achar de porão!!!

Só para fotógrafos

Segundo investigadores da Universidade da 1ª Infância, houve um português fundamental para a invenção da fotografia, ainda no Século XIV - o Dr. João das Regras...

sexta-feira, maio 20, 2005

O Mito do Minotauro em versão posd-moderna, Pelo Dr. Dextrose Virudal, especialista em mitologia posd Moderna

Teseu era um rapaz alto e espadaúdo, de feições regulares, louro de longa cabeleira anelada. Tinha frequentado as melhores escolas, guiava um descapotável e era filho do rei da cidade de Micenas, Egeu. Era portanto um rapaz a quem a vida devia sorrir. Mas, por incrível que pareça andava triste, ele e todos os rapazes da sua cidade. O motivo desta tristeza era visível. Praticamente não havia raparigas em Micenas e os rapazes desesperavam. Nas Sex shop´s há muito tinham desaparecido as bonecas de borracha e todos os rapazes ostentavam um braço direito muito mais musculoso que o esquerdo, excepção feita aos canhotos.

Tudo isto por culpa de Minos. Minos era o rei da grande ilha de Creta e tinha decretado que todos os anos, as cidades do continente teriam que entregar-lhe cem raparigas virgens. O contrário significaria a guerra e ninguém queria entrar em conflito com um rei tão poderoso.

Não, Minos não era um psicopata, um tarado sexual. As cem virgens destinavam-se a alimentar (no verdadeiro sentido da palavra) o seu filho Minotauro. Este era um monstro, metade homem, metade touro, resultado de um biscate de Minos com uma deusa e da vingança terrível do marido desta. Ainda criança de colo já o Minotauro corria atrás das garinas cretenses e lhes fincava o dente. O pai, desesperado, teve mesmo de contratar um famoso arquitecto, Dédalo, para lhe construir um palácio-prisão, o famoso Labirinto, onde toda a gente podia entrar, mas ninguém podia sair. Até o próprio Dédalo teve dificuldades em sair de lá (isso de propósito, pela intervenção de Minos), tendo de construir umas asas, para si e para o seu filho Ícaro, o que deu a história do puto que se aproximou do sol e deu com as trombas no chão, registando-se aí o primeiro desastre de aviação da história.

Certo dia, Teseu, já não aguentando mais, chegou-se ao pai e disse-lhe assim:
- Papá. Já não aguento mais! Ou me arranjas um barco para ir a Creta matar o Minotauro, ou ficarás para sempre com a mancha familiar de teres um filho gay.
Egeu ficou preocupado, não com a questão de ter um filho gay, mas que isso ainda fosse parar a um qualquer programa da TVI e disse-lhe:
- Está bem Teseuzinho. Leva o barco de 20 m, aquele que tem velas pretas, mas não te esqueças, na vinda se tudo correr bem, de as mudar para brancas.

E assim partiu Teseu para esta grande aventura.

Chegado a Creta, Teseu dirigiu-se a uma esplanada na praia e deu de caras com uma miúda linda, ainda mais bonita que a Sharon Stone e teve um baque. Mas o mesmo aconteceu com a rapariga, Ariadne de seu nome que pensou:
- Eh pá, este rapaz é quase tão bonito como o Dr. Dextrose Virudal!!!
Foi amor à primeira vista e durante 7 dias e 7 noites nunca chegaram a sair do quarto do motel da praia. Mas finalmente chegou a grande revelação e Teseu disse a Ariadne quem era e o que vinha fazer. Ora Ariadne era também filha de Minos, meia irmã do Minotauro e ficou completamente dividida. Ou não fazia nada e Teseu iria morrer ou o ajudava e quem morria seria o seu irmão. Não é que ela gostasse muito daquele cara de touro, mas a rapariga tinha fortes principios familiares. O assunto foi resolvido da seguinte maneira. Ariadne, cujo nome queria dizer aranha, entregou um novelo de fio a Teseu. Este deveria atar uma ponta do fio na porta do Labirinto e desenrolá-lo à medida que caminhasse. No fim, bastaria enrolar o fio e chegaria à porta. Teseu exultou e prometeu vir buscá-la para a levar para Micenas, depois de matar o Minotauro.

Bem, tudo correu como o esperado. Teseu entrou no Labirinto, encontrou o Minotauro, deu-se uma luta terrível, digna de um filme de Charlie Chan e finalmente Teseu cortou a cabeça ao monstro. O problema é que a luta embriagou Teseu e mal saiu do Labirinto, com a cabeça do Minotauro debaixo do braço, correu imediatamente para o barco.

Mas a aranha em grego é também o símbolo das feiticeiras, as mulheres que tecem as teias do destino. Ariadne depressa percebeu o que acontecera e gritou
– Teseu, pelo gozo que te deu matar um touro, fiquei eu com as hastes – pois bem, nunca tu serás feliz!

E logo Teseu percebeu o sentido daquelas palavras. Esqueceu-se de mudar as velas e o seu velho pai, ao ver o barco regressar com as velas pretas, pensou no pior e se atirou ao mar, que ainda hoje tem o seu nome – Mar Egeu!!!

Teseu tornou-se rei, um lindo rei sem dúvida, devolveu a felicidade aos seus súbditos, inclusivamente conseguiu equilibrar o déficit orçamental da cidade, diz-se que com a ajuda de uma velha horrível, cujo nome se perdeu na noite dos tempos, uma Manuela qualquer coisa... Mas Teseu nunca foi feliz – ficou impotente!!!

Momentos de poesia ruralista, pelo Dr. Dextrose Virudal

1º momento

Chapinhasse eu
Na tua frescura
Enterrasse eu, as minhas mãos,
No teu solo sagrado
Dormisse eu
Uma noite ao luar enfarinhado,
Lado a lado,
Com o verde do teu ridente regaço
Fosse eu
Capaz de cantar a tua formosura...
E aqui estaria um homem feliz,
Meu amigo,
Meu bom amigo,
Canteiro de alfaces!



2º momento

Caminhava à sombra das macieiras
Aspirei o teu perfume
Procurei-te...
E quando te encontrei
Oh deuses do campo...
Oh musas do tempo...
Ajudem-me a cantar...
Mergulhei no teu ser,
Fremente acariciei-te,
Contigo brinquei,
Contigo aprendi a amar!

As minhas mãos tremiam,
Espasmos de prazer percorreram-me...
E sempre,
Sempre esse teu aroma inebriante,
Embriaguei-me de ti,
De felicidade mordisquei-te!

Sabes a vida...
És vida,
Minha vida,
Meu tesouro.
Contigo me cobri,
Em ti me descobri,
Meu... monte de estrume...


3º momento

Vossa pele, ai a vossa pele
De veludo...
Quando passo a minha mão por ela,
Quando sinto a suavidade,
Todo o meu ser estremece...

E o vosso corpo
De curvas sinuosas...
É o centro
E o epicentro
Do meu ser...

Gosto de vos despir...
Gosto de vos sentir nas minhas mãos.
Tomara apertar-vos,
Como quem aperta o desejo...
E sentir-vos,
Na minha boca...
Sentir essa sensação
De voluptuosa sofreguidão...

E também gosto...
À mesa,
De vos comer...
Com entrecosto e chouriço,
Ó favas...


4º momento

Teus olhos
São candeeiros
Que alumiam a minha vida!

São tochas
Que conduzem a minha procissão!

São fogueiras
Que aquecem o meu inverno!

Teus olhos
Da cor de mel,
Do mel das estevas da minha charneca!

São zangões
Que fecundam a minha rainha...

São bagaço
Que engorda os meus bacorinhos...

São águas da levada
Que regam as minhas couves galegas...

Quando olho para os teus olhos
Grande é o meu deleite,
A minha alma se espraia,
O meu ser se alivia
E num só momento,
Uma vez só, durante o dia,
Não me importo de deixar de os ver...
Quando te estou a mungir,
Minha vaquinha...


5º momento

As couves de Bruxelas da minha horta
São como lírios do mar

As couves de Bruxelas da minha horta
São como neve do deserto da Sara

As couves de Bruxelas da minha horta
São como os cóbois do Afeganistão

As couves de Bruxelas da minha horta
São como a inteligência no Ministério da Educação

As couves de Bruxelas da minha horta
São como a verdade no caso Moderna

As couves de Bruxelas da minha horta
São como uma rua sem buracos em Lisboa

As couves de Bruxelas da minha horta
São como a alegria no “Amor de Perdição”

Eu não tenho couves de Bruxelas na minha horta
Só portuguesas...


6º momento

Ó dúvida implacável!
Ó escolha impossível!
Quando o meu coração balança
Entre uma e outra...

Gesta de procura sem alcançar!
Estória de fado insensato!
Indecisão que me mata
E me deixa sem porfir...

Ó deuses do Olimpo!
Ó Nereides do meu mar!
Ajudai-me!

Que eu não posso,
Que minha alma sangra...
Escolho, batata branca ou batata roxa?

Se não fosse o giz o que seria dos papagaios, por Abstrôncio Silva (ao Rui Vale de Sousa)

“Viva a Monarquia! Abstrôncio à Presidência!”

Esta frase resume todo o livro. Trata-se de uma obra memorialista, escrita de uma forma auto-bio-gráfica. A escrita é ligeira, porém profunda, tem uma cor citrina e um sabor levemente frutado. Deve-se servir fresca, entre os 4 e os 6 graus.

A história gira à volta de 3 personagens:
Eu (ele), Alberto e Florbela.
No fim passam a 4:
Eu (outra vez ele), Alberto, Florbela e Clara Margarida.
São as aventuras e desventuras destes três personagens, depois 4, que marcam o ritmo da obra. E como eles obram!

É um livro feito de afectos, por vezes desafectos, de drogas, de sexo (mais entrevisto que visto), de ilhas, de naves espaciais, T3’s e T4’s, suícidios, encontros e desencontros.

Podemos resumir a narrativa nas seguintes linhas de força:
Alberto Ama Florbela
Florbela ama Eu (ele)
Eu (ele) não sabe quem ama
Alberto casa com Florbela
Florbela tem uma gravidez diarreica
Eu (ele) conhece Clara Margarida
Ninguém percebe como é que aparece a Clara Margarida
Eu (ele) casa com Clara Margarida

Tudo o resto é pó, quero eu dizer, é giz, desde a casa junto ao rio até à Atlântida, os acontecimentos giram à volta deste triângulo que depois se transforma em quadrado – figuras geométrico-sentimentais traçadas a giz, pois claro.

E é do giz que se parte para o Gizismo!
Filosofia de vida? Talvez!
O Gizismo é assim como o Abstroncionismo, mas ao contrário. Ser gizista confere ao seu utilizador a capacidade de promover pequenas coisas em grandes coisas, a capacidade de gerir conflitos através de sais de fruta, a capacidade de prescrever medicamentos genéricos mesmo que eles não existam, a capacidade de ordenhar ovelhas num rebanho só de carneiros. Isto é o Giszizmo!

Resta-me dizer que aconselho vivamente a leitura desta obra, sobretudo a senhoras grávidas. Testes feitos por três laboratórios franceses independentes, provam que o Gizizmo (sinceramente prefiro o termo Abstroncionismo, mas ao contrário) evita a transpiração supérflua no momento do parto. Só por isso já poderíamos considerar este livro, como entre os maiores do mesmo autor.

Muito mais haveria para dizer acerca desta obra, descrita (e muito bem) pelos prefaciadores como uma obra tia da literatura mundial (acrescentaria eu, cósmica), mas termino como comecei:

“Viva a Monarquia! Abstrôncio à Presidência!”

Esta frase resume todo o livro. Trata-se de uma obra memorialista, escrita de uma forma auto-bio-gráfica. A escrita é ligeira, porém profunda, tem uma cor citrina e um sabor levemente frutado. Deve-se servir fresca, entre os 4 e os 6 graus.

O Conselho Tribal está reunido

O Conselho Tribal está reunido. No meio da mesa o chefe dá ordem para que comecem os trabalhos. Como ponto único, a queixa de Marcelix, pelo carapau que lhe calhou no banquete de ontem. Marcelix apresenta a sua queixa.

- Irmãos, todos me conhecem há muito tempo! Sou um dos guerreiros mais esforçados da aldeia e à minha conta muitos galos cantam na cabeça dos romanos. Por Toutatis, acham que o carapau que me foi servido ontem é digno de um guerreiro como eu? Acho que pelo menos tinha direito a um cachucho!

Levanta-se Albertix.

- Marcelix, talvez tenhas razão, mas eu acho que o problema foi teres chegado atrasado. Havia muitos mais carapaus, mas o Jotacecix comeu-os todos! Acho que ele devia ser castigado!

- Albertix, dizes isso porque eu te fiz dois bustos de que tu não gostaste! Ou tu pensas que eu não sei que até me chamaste terrorista da imagem??? Além disso o Franciskix comeu muitos mais carapaus do que eu! – Respondeu Jotacecix!

- Mentira, rugiu Franciskix! - Aliás eu como os carapaus muito devagar, porque lhe tiro as espinhas todas!

- Calma nas hostes irmãos! – Falava agora Panterix, o sub-comandante – Não vale a pena discutir tanto só por causa de um carapau tão pequeno!

-Mas é mesmo por ele ser tão pequeno que eu me queixo! – Retorquiu Marcelix – As mulheres da aldeia já me chamam Marcelix, o do carapau pequeno! Achas isso bem, sub-comandante Panterix! Ainda agora ouvi aqui atrás a nossa Paulixa a gozar que nem uma perdida romana com o meu carapau! Imagino o que a Soficixa, a pequena Angelixa, a Nuchacixa ou a Elsacixa dizem nas minhas costas!

Levanta-se então Jorgix, com o seu ar contemporizador.

- Irmãos, estamos a perder tempo e energias com esta discussão! Não vale a pena, quem sabe amanhã não nos cai o céu em cima da cabeça. No próximo banquete, que o Marcelix coma todos os carapaus e os outros comam só javali!

Uma vez mais, o bom senso de Jorgix prevaleceu e a paz desceu novamente na aldeia dos irredutíveis gauleses!

MESTRE ASTRÓLOGO DR. DEXTROSE VIRUDAL

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Praceta Padre Manuel da Nóbrega, 71, r/c, Esq. 2635-381 Rio de Mouro (junto à estação da CP)

Manifesto fotográfico, pelo Dr. Dextrose Virudal, emérito fotógrafo oficial da Casa Real de Alferrarede!

1- A fotografia é, não pode deixar de ser e sempre será – FOTOGRAFIA
2- Pelo ponto 1, se depreende que a fotografia existe!
3- Se a fotografia existe é porque é!
4- Sempre que se fotografa, faz-se fotografia!
5- Se um fotógrafo é aquele que faz fotografia, uma fotografia digital é feita por aquele que tem dedos!
5.1. - Se um fotógrafo é aquele que faz fotografia, uma fotografia analógica é feita por aquele que respeita as analogias (adenda proposta por um grande fotógrafo!)
6- Se um fotógrafo digital, para além dos dedos, tiver unhas, pode tocar guitarra!
7- Só pode fazer fotografias macro, o fotógrafo que tiver cartão para lá entrar!
8- Só entende o ponto 7 quem conhecer a Macro!
9- Só entende o ponto 8 quem tiver lido o ponto 7!
10- Só entende o ponto 9 quem tiver lido os pontos anteriores!